domingo, 2 de março de 2008

Uma veia, qui ça uma arteríola poética... embora seja prosa...acho...

Passava pouco mais das quatro da tarde.

O pobre velho sentava-se rotineiramente na sua mesa habitual. O jornal, sempre o bom correspondente desportivo, aberto na página do futebol. Ao lado deste estava o bom do verde, tão velho quanto ao pobre velho lhe era permitido pela carteira, aquecia no copo mesmo ao lado da sande de torresmos.
A mesa estava mesmo junto à janela, e a janela dava para a rua movimentada da grande cidade. Com saudade, o velho recordava os tempos em que o movimento do vento era o único barulho que se ouvia por aqueles lados, tempo esse tão distante quanto o seu velho ritual. De igual forma a sua imaginação retornava no tempo, até ao tempo em que começara aquela rotina, e como a havia aprendido de seu pai, e o seu pai por sua vez aprendera do seu pai.

O velho era homem de palavras, embora as palavras já não se ouvissem. A alegria dos graves da sua voz com o tempo esmorecera-se; a vontade de falar perdera juntamente com os poucos amigos que ascenderam ao Éden (ou nalguns casos, pensava-o com maliciosa saudade, desciam ao expiatório). Não fora homem de uma mulher só, e esse seria um dos motivos de ser tão velho na sua solidão, no entanto isso não o entristecia.
Era com a vida que se entretia. Como ninguém apreciava o sopro do vento, o assobio quase mudo das folhas ao cair das árvores, o gotejar da chuva nas telhas e o calor do Sol na sua pele. Como ninguém admirava a agilidade de um gato, a astúcia de um rafeiro, o balbuciar das palavras dos poucos bébés que ainda eram levados a aquele pequeno tasco pelos pais.
Não tinha irmãos nem irmãs. Seu pai tivera irmãos, e todos estes assentaram casa e campa no estrangeiro; e do lado de sua mãe conhecera somente uma tia-avó caquética, que morrera à mais de meio século, solteira e sem descendência. Não existia ninguém vivo de sua familia com quem pudesse partilhar as suas histórias, nem a quem passar a sua rotina de familia. Rotina essa a maior fonte das poucas horas de prazer que ainda sentia diariamente.
Desde tempos imemoráveis se sentava naquela mesma mesa, naquela mesma cadeira, com a sua bebida e a sua refeição. Desde o inicio só duas pessoas, seu pai e o pai de seu pai, se sentaram conjuntamente com o velho naquela mesma mesa; e nem o criado daquele pequeno estabelecimento conseguira trocar palavras com o velho, apesar de já o ter tentado bastantes vezes no passado antes de finalmente ter cedido à dureza do silêncio do cliente.
O criado sabia desde sempre o que desejava o velho. Antes de si, seu pai e seu avô haviam de igual forma servido o pai e o avô do velho; e deles aprendera qual o pedido da sua clientela regular. E apesar de do velho as palavras não lhe sairem, os seus gestos eram cordiais e agradeciam a chegada dos seus pedidos.
O velho olhara pró relógio, passavam trinta minutos após as quatro horas da tarde. O almoço distante, juntamente com a fragância conjunta do vinho e da sande, levavam o seu corpo enfraquecido pelo tempo a clamar por comida, e o apetite cada vez mais se sentia. Prontamente enchera um primeiro copo de vinho e, de uma só vez, languidamente, sorvera o precioso néctar, e ao sumir a última gota novamente enchera o copo. De seguida, segurara na sande e começara a comer; e entre mordidelas bebia um pouco de vinho para ajudar a empurrar a refeição.
Enquanto comia lembrava-se dos velhos tempos da sua juventude, dos tempos em que se sentava naquela mesma mesa com seu pai e seu avô, e num silência cúmplice compartilhavam aquele ritual singular que os unia.
De longe, o jovem criado assistia a todo o processo, por vezes inquirindo-se de como é que tal ritual se iniciara; e por ter noção da ancestralidade de tal acto e da importância que este tinha para o seu cliente, tentava imaginar qual seria a reacção do velho se se visse privado de tal. Infelizmente, sabia-o, mais tarde ou mais cedo teria de intervir no velho ritual; pois infelizmente os tempos mudam e forçam-nos a mudarmos pequenos hábitos, e por vezes são pequenas contrariedades nos nossos hábitos diários que alteram completamente todo o desenrolar normal de um dia e dos vários dias subsquentes.
Com a sandes já dentro do seu estômago, o velho bebera mais um copo para ajudar a limpar a garganta, e no final deste um gemido surdo de prazer lentamente saíra da boca do velho. Olhando para a janela, levara a mão ao bolso do casaco, e retirara de lá a sua cigarrilha dourada, que tal como o ritual herdara de seu pai quando este falecera. Num longo momento, como se o tempo estivesse quase a parar, colocara um cigarro na boca e acendera-o. O sabor do fumo, o aroma do tabaco e o calor do cigarro cada vez mais quente fazia como que uma reacção quimica no velho corpo com o vinho e a sande acabados de ingerir, fazendo o velho sentir-se bem.De repente, do seu lado direito, sentira movimento; movimento familiar, vindo do balcão e em direcção a si, e nunca antes tal acontecera durante o secular ritual. Com um ar um pouco receoso, o jovem criado pusera-se à sua frente; e numa voz decidida de adulto dissera algo que nunca esperara ouvir...





«olhe, desculpe, mas não pode fumar aqui, vai ter que apagar o cigarro»



Ao ouvir estas palavras, o velho levantara-se e olhara profundamente nos olhos do jovem criado. Preparava-se para abrir a boca. Finalmente, ao fim de tantos anos, o velho falaria com o jovem criado que, insconscientemente, sempre ansiara que o seu cliente lhe dirigisse nem que fosse uma palavra! Ansiava que o velho lhe contasse estórias de antigamente, lhe abrisse os horizontes e o ensinasse a como apreciar convenientemente a vida. Assim, aos poucos, um pequeno sorriso se esboçara no rosto do criado, pronto a escutar, vindo do velho, um filosófico...:




«ARRE FUOD*-SE!»




Revoltado, o velho pegara no casaco, atirara o dinheiro prá mesa e sumira-se, deixando um esmorecido «cambada de filhos da p...» no ar...
Bom, há dias assim: em que uma pessoa acorda, dá com a cabeça na mesinha de cabeceira, e se lembra de escrever destas barbaridades...
Sem mais assunto de momento, despeço-me...
Cumprimentos a les hombres
Beijos a las muchachas
Beijo muito, muito, muito especial a mi amor, Nadia ;)
Um bjiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii para ústed, birú!
Um cafuné a le coito, no le coito intirrompido, pero lo coito de lo net!
(e então, ficaram impressionados com a minha capacidade linguistica?! Sei ou não sei falar franciuso?! Hein)
e...
NADA PRÁS GARÇONETES COM MAÇA DE ADÃO E VOZ GROSSA!!!