quarta-feira, 8 de julho de 2009

Uma sociedade cansada, ou predatorismo urbano?

Ando nervoso, e com os pensamentos revoltantes à volta da minha cabeça com situações que vejo e me assolam a consciência: Na sociedade Portuguesa em que vivemos (ou, pelo menos, naquela a que tenho acesso – grande Porto) factores estranhos actuam no subconsciente do povo, estimulando planos ancestrais adormecidos no nosso ego, enterrados algures no nosso iceberg imerso, incitando o nosso mais remoto ser interior. Os factores (ou melhor, os estimulos) de que vos falo são por norma extremamente simples – um assento no metro ou no autocarro. A resposta intrínseca que despoleta – predação.


Não sei se sou o único – ou melhor, sei que não, pelo menos a minha namorada também assiste a isto- mas ao longo dos anos noto um incremento na agressividade dos passageiros dos transportes públicos. Se outrora assistiamos a um ou outro desacato provocado por um idoso revoltado com a impassividade do autocarro perante o trânsito, e que pelo facto de ter de aguardar mais tempo pelo mesmo o deixasse com a dentadura na iminência de ser projectada com tanto nervosismo, actualmente assistimos a autênticas competições interespecificas (de notar que determino a existência de duas espécies – os Homens jovens, e os Homens idosos).



Que aconteceu à nossa identidade racional? Quando era mais jovem, e até durante os meus dois primeiros anos na faculdade, havia uma relação pacifica entre os dois escalões etários. Ainda havia jovens que davam o seu lugar aos mais velhos quando não havia mais lugares sentados, e os velhinhos respeitavam as filas de espera (e avisavam jovens e outros idosos quando estes tentavam furar a fila). Agora, no entanto, vejo jovens e idosos a correrem de pontos distintos da carruagem do metro, só porque almeijam – ahhh, finesse de palavra - um lugar junto à janela, ou então respeitosos anciões a malfadarem da juventude quando estas não lhes cede um lugar no (não) tão cheio autocarro.


Será que estamos a perder o nosso sentido de ética e moral? Será que as nossas pulsões do id estarão ou o nosso lado animal foram reprimidos demasiado tempo, estando agora a aproveitar qualquer situação do nosso quotidiano para irromper à superficie do nosso iceberg, e levar-nos a readquirir as nossas caracteristicas predatórias que tão eficientes foram para a sobrevivência dos nossos ancestrais, embora nos tempos que corram não sejamos ameaçados por mamutes ou leões mas pela perseguição constante dessa sombra tão grande que é a crise que assola o nosso país?




Indago-me, questiono-me, e às vezes pergunto-me sobre tal. Mas, de momento, vou ter que deixar isso para outra altura, e pegar na minha moca. É que acabei de ver ali mais à frente no metro um lugarzinho sentado, e a velhinha que para lá se dirige que nem pense que me tira o poiso, mesmo que perigosamente carregue uma bengalinha de madeira!

sábado, 25 de abril de 2009

A um metro das conservas...

Boas noites,

Visto que o post que ando a preparar está deveras demorado, e numa tentativa de manter este meu blogue alive, deixo aqui, para vosso deleite, uma "pequena" reclamação enviada pela minha pessoa a esse grande (conforme as horas) transporte público da Invicta, o METRO. Já agora peço, a quem tiver a mesma opinião, que faça passar a mesma junto da entidade competente (metro@metro-porto.pt, visto que o espaço para comentários é grande o suficiente para só caberem os elogios).

Sem mais nada a dizer, e até um post próximo (espero), despeço-me.
Beijos, e abraços, e muitos palhaços! E se não nos virmos, até à queima! XD
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À Metro do Porto, com amor...




Boa noite,

Devo, antes de iniciar a escrita desta minha critica, informar ao destinatário da mesma que muito ponderei se a deveria ou não redigir. No entanto, deparando-me com o perpetuar das acções que explanarei mais adiante, não pude deixar de criticar:
Sendo o mais sincero possivel, e sem querer insultar o(s) responsáveis pela organização dos veiculos do metro quanto à sua presença de espirito e discernimento, venho desta forma criticar fortemente o modo como os utentes (principal fonte de rendimentos desta empresa) têem sido tratados, especialmente os da linha C da qual dependo diariamente. É senso comum, e creio que seria muito fácil de comprovar estatisticamente, que existe um maior fluxo de migração de pessoas em direcção ao Porto nas primeiras horas do dia, também conhecidas como "horas-de-ponta"; e o contrário, ou seja, um maior fluxo de pessoas a sair do Porto nas últimas horas do dia, horas essas também rotuladas de "horas-de-ponta". Essas horas-de-ponta, caso seja de dificil visualização mental, estão localizadas no periodo de tempo que decorre entre as 7h00-9h (periodo da manhã, onde ocorre uma maior migração em direcção ao Porto, pois é lá que trabalham ou a partir desse centro que apanham outros meios de transporte para chegar aos postos), e as 17h30-19h30 (periodo do final da tarde, em que as pessoas saiem dos trabalhos e se dirigem para suas casas. Ou seja, migração a partir do Porto para fora deste). Caso a minha palavra não seja suficiente, creio que bastará reparar na quantidade de veiculos nas estradas que entram no Porto de manhã, e na quantidade dos que saiem da Invicta.
Mais uma vez relembrando que não pretendo, de alguma forma, denegrir a qualidade do pensamento dos responsáveis pela distribuição dos veiculos nas diversas viagens, chego ao cume da minha indignação: tendo em conta as referidas horas-de-ponta e as suas caracteristicas, porque é que se assiste a uma distribuição contrária do esperado?

Exemplificando:

- Situação 1 - Maior fluxo de pessoas a entrar no Porto
- Atitude sensata - Um veiculo de 2 (Duas) carruagens nas viagens com sentido para o Porto, com frequência moderada (10-15 min). Viagens serenas, e sem sobressaltos de maior, com paragens estipuladas nas diversas estações.
- Atitude "METRO" - Um veiculo de uma (UMA) única carruagem, de 20 em 20 ou mais minutos, em direcção ao Porto. Para um melhor conforto dos passageiros, e de forma a que possam apreciar a beleza urbana do distrito, imobiliza-se o veiculo constantemente, todas as manhãs, estre Fonte-do-Cuco e Senhora da Hora (agradeço pessoalmente, desde já, terem essa atitude, pois nunca na minha vida pude parar para admirar a beleza arquitectónica e de engenharia da ponte que passa sobre a linha, entre as referidas estações).

- Situação 2 - Maior fluxo de pessoas a sair do Porto
- Atitude sensata - Um veiculo de 2 (Duas) carruagens nas viagens saídas do Porto, com frequência moderada (10-15 min). Viagens serenas, e sem sobressaltos de maior, com paragens estipuladas nas diversas estações.
- Atitude "METRO" - Um veiculo de uma (UMA) única carruagem, de 20 em 20 ou mais minutos, em direcção ao Ismai. Antes, é permitido aos utentes amaldiçoar aqueles que viajam até Senhora da Hora, por lhes ser cedido veiculos de duas carruagens. Claro que estas pessoas não possuem o mesmo discernimento e noção espacial de quem distribui o número de carruagens por viagens, que sabe perfeitamente que Senhora da Hora fica a uma distância muito superior da Trindade, por exemplo, ao passo que o Ismai, ou Vila do Conde, ou mesmo até Senhor de Matosinhos ficam mesmo "ao virar da esquina". Um pouco antes da Praça da Liberdade, se não me engano.


Creio eu, e deduzindo que terei a opinião complascente dos restantes utilizadores do metro, que tem havido uma grande desorganização no metro. À situação de diminuição de frequência de passagens de metros para e do ISMAI ser acoplada a redução drástica no conforto dos utentes é deveras grave, dando a ideia de que a metro terá realizado tal numeroso condicionamento de pessoas dentro dos veiculos para poder economizar no aquecimento nos dias frios de inverno.

Se, à face das queixas apresentadas pela minha pessoa, e de outras pessoas que certamente terão também algo a dizer referente a esta situação, não se alterar esta condição, indago se a metro do porto deseja tratar os utentes não como deveria ser, prestando serviço de qualidade no conforto do transporte, mas sim como números estatisticos dos quais poderá extrair capitais, não se importando se os mesmos utentes terão de se passar por sardinhas em lata para poderem chegar às suas casas após um extenuante dia laboral, faltando só mesmo a presença de óleo vegetal nas carruagens para que a metáfora se concretize na realidade.

Sem mais assunto de momento, e aguardando uma tomada de atitudes que beneficie todos, submeto-me.

Cumprimenta,

Pedro Santos