quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Após ler esta mensagem, tinha 15 segundos para evitar ser atropelado por uma mula tripod!

Portugueses!

Venho, desta forma, revoltar-me perante uma situação ultrajante que tem vindo a assolar o nosso país e o mundo! A origem é desconhecida, embora haja relatos que sejam oriundas do estrangeiro, vindas das Américas; e a sua presença no nosso dia-a-dia tem causado imenso desconforto! Não é um desconforto qualquer, daqueles que passam com um pouco de pomadinha ao deitar, ou com umas gotinhas ao acordar! Nenhuma cueca demasiado apertada alguma vez nos desconfortará como estes autênticos atentados à nossa integridade fisica e mental.
Refiro-me, claro está, a esse pesadelo dos dias modernos e que, aproveitando as correntes da tecnologia, se espalha a uma velocidade vertiginosa. Refiro-me a essas malandras, a essas bandidas...




... as CARTAS-CORRENTE (e suas filhas, as SMS-CORRENTE)!



Portugueses! Quantos de vocês já estão fartos de ver as vossas contas de correio electrónico saturadas com mensagens de amor-eterno ou azar perene?! Quais, entre vós, já lhe ocorreu não recebeu aquela mensagem do vosso mais-que-tudo porque tinham várias sms-corrente em lista de espera para vos atafulhar a memória do telemóvel?! E quantos de vocês, mesmo sabendo que esta coisa das mensagens é irritante...


... CONTINUA A ENVIAR-ME MENSAGENS-CORRENTE?!?!?!



Mas que raio, hein?! Curioso, sempre que vejo alguém a abrir uma destas mensagens (quer num computador, quer num dispositivo telefónico portátil – vulgo telélé.) A reacção dessas pessoas é sempre a mesma:

- Ergh, pois... mais uma dessas mensagens correntes... Eu cá sou muito intelectual, muito cientifico, e muito pragmático nestas coisas para saber que isto não tem resultado nenhum... MAS ACHO UMA MENSAGEM TÃO FOOOOOFA, QUE VOU JÁ ENVIAR A TODOS OS MEUS CONTACTOS...



Recorrendo às minhas memórias, ainda me lembro (e com certeza que o distinto leitor aí em casa também se deve lembrar... não, não é dessa casa, da outra! Não, a outra mais à direita! Exactamente, essa mesmo! Lembra-se?!), de como eram as antigas mensagens-corrente; e é curioso reparar que estas têem assistido a uma crescente evolução não só a par das tecnologias, como um constante melhorar das estórias da sua origem e dos argumentos que comprovam o seu poder milagroso (quer pelo bem, quer pela dark force).


Eu ainda sou do tempo em que estas mensagens eram ainda físicas, palpáveis, vindo registadas num mero pedaço de papel; e pediam que o leitor as fizesse passar copiando-as dez, quinze, vinte vezes (e algumas eram avessas ao uso de fotocopiadora, alertando que caso o leitor o fizesse a carta perderia o seu efeito mágico, e o desejo já não se cumpriria), e caso o leitor o não fizesse num determinado periodo um grande azar ocorreria (azar esse, normalmente, associado ao campo amoroso). Nos dias de hoje, além do perceptível avanço tecnológico, ocorreu uma “melhoria” (?!?!) quer do poder do desejo, quer na maldição que caíria no singelo mortal que caísse no grande erro de a deixar esquecida na sua conta de e-mail. Se dantes o leitor era advertido que, caso não repassasse a carta, lhe aconteceria (imaginemos),





“um fenómeno de azar nas 48h a seguir a ler esta carta”,



nos dias de hoje o ciber-leitor corre o perigo de


“ficar sem amigos, sem uma perna, vesgo de um olho, apanhar a gonorreia, não casar durante 7 anos, e terá muita sorte se não for atacado por uma trupe circense de anões amestrados e mulheres barbudas!”





Há para todos os gostos, com argumentos mais ou menos complicados. Numas surgem fadas, noutras já aparecem meninas fantasmas. Umas têem relatos “verídicos” de pessoas que, ora foram benificiadas por passarem a carta aos seus contactos, ora caiu-lhes um piano em cima por se terem esquecido de o fazer; ao passo que outras acreditam piamente que introduzir imagens de bichinhos fofinhos desnecessaria completamente recorrer às premissas supracitadas.
Temos mensagens em Word, Excel, Powerpoint e até já recebi gifs e videos! Variedade não falta, nesta busca incessante pela atenção do leitor. E ao fim de tanta evolução destas mesmas uma questão se me impõe...:


QUEM FOI QUE TEVE O RAIO DA IDEIA DE CRIAR ISTO?!


Qual foi a alminha que, certo dia, se levantou da cama e pensou “eh pah, não sei o que hei-de fazer, acho que vou redigir uma carta para circular pelo menos o mundo”? Gostaria de ter uma conversa com as mães dessas pessoas, e partilhar com elas a frustração que os seus filhos trouxeram ao mundo... E talvez convencê-las que a laqueação das trompas talvez seja uma das maneiras de evitarem lançar um novo perigo para a sociedade...

Venho desta maneira iniciar um novo movimento. Um movimento sinérgico, repleto de energia e força, contra a intrujice destes virús da nossa tecnologia! Não foi para este fim que o primeiro dos homens decidiu desenvolver o intelecto! Se entre a baba e o ranho e os grunhidos animalescos o neanderthal tivesse imaginado que este seria o futuro da humanidade, certamente que pensaria duas vezes antes de bater pedrinhas umas nas outras e ver as faíscas a saltar (enquanto faria sons gorilescos... conseguem imaginar a imagem? Hilariante... e ridículo).

Assim, peço-vos... parem de mandar mensagens-corrente, impeçam a sua proliferação...
... a menos que sejam muito fofinhas.



Sem mais assunto de momento, despeço-me, com votos de boas férias, boas navegações na internet, e previnam-se contra os virús informáticos (AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAATCHUUUUUUUUUUUUUM!).


Cumprimentos aos Byte´s;
Beijos às Giga´s;

Um beijo muito, muito especial à “unidade central de processamento” da minha vida (és tu, Nadia :D);

E...

... nada prós Gifs! ("ui, que sou tão animadinho!!!")

domingo, 2 de março de 2008

Uma veia, qui ça uma arteríola poética... embora seja prosa...acho...

Passava pouco mais das quatro da tarde.

O pobre velho sentava-se rotineiramente na sua mesa habitual. O jornal, sempre o bom correspondente desportivo, aberto na página do futebol. Ao lado deste estava o bom do verde, tão velho quanto ao pobre velho lhe era permitido pela carteira, aquecia no copo mesmo ao lado da sande de torresmos.
A mesa estava mesmo junto à janela, e a janela dava para a rua movimentada da grande cidade. Com saudade, o velho recordava os tempos em que o movimento do vento era o único barulho que se ouvia por aqueles lados, tempo esse tão distante quanto o seu velho ritual. De igual forma a sua imaginação retornava no tempo, até ao tempo em que começara aquela rotina, e como a havia aprendido de seu pai, e o seu pai por sua vez aprendera do seu pai.

O velho era homem de palavras, embora as palavras já não se ouvissem. A alegria dos graves da sua voz com o tempo esmorecera-se; a vontade de falar perdera juntamente com os poucos amigos que ascenderam ao Éden (ou nalguns casos, pensava-o com maliciosa saudade, desciam ao expiatório). Não fora homem de uma mulher só, e esse seria um dos motivos de ser tão velho na sua solidão, no entanto isso não o entristecia.
Era com a vida que se entretia. Como ninguém apreciava o sopro do vento, o assobio quase mudo das folhas ao cair das árvores, o gotejar da chuva nas telhas e o calor do Sol na sua pele. Como ninguém admirava a agilidade de um gato, a astúcia de um rafeiro, o balbuciar das palavras dos poucos bébés que ainda eram levados a aquele pequeno tasco pelos pais.
Não tinha irmãos nem irmãs. Seu pai tivera irmãos, e todos estes assentaram casa e campa no estrangeiro; e do lado de sua mãe conhecera somente uma tia-avó caquética, que morrera à mais de meio século, solteira e sem descendência. Não existia ninguém vivo de sua familia com quem pudesse partilhar as suas histórias, nem a quem passar a sua rotina de familia. Rotina essa a maior fonte das poucas horas de prazer que ainda sentia diariamente.
Desde tempos imemoráveis se sentava naquela mesma mesa, naquela mesma cadeira, com a sua bebida e a sua refeição. Desde o inicio só duas pessoas, seu pai e o pai de seu pai, se sentaram conjuntamente com o velho naquela mesma mesa; e nem o criado daquele pequeno estabelecimento conseguira trocar palavras com o velho, apesar de já o ter tentado bastantes vezes no passado antes de finalmente ter cedido à dureza do silêncio do cliente.
O criado sabia desde sempre o que desejava o velho. Antes de si, seu pai e seu avô haviam de igual forma servido o pai e o avô do velho; e deles aprendera qual o pedido da sua clientela regular. E apesar de do velho as palavras não lhe sairem, os seus gestos eram cordiais e agradeciam a chegada dos seus pedidos.
O velho olhara pró relógio, passavam trinta minutos após as quatro horas da tarde. O almoço distante, juntamente com a fragância conjunta do vinho e da sande, levavam o seu corpo enfraquecido pelo tempo a clamar por comida, e o apetite cada vez mais se sentia. Prontamente enchera um primeiro copo de vinho e, de uma só vez, languidamente, sorvera o precioso néctar, e ao sumir a última gota novamente enchera o copo. De seguida, segurara na sande e começara a comer; e entre mordidelas bebia um pouco de vinho para ajudar a empurrar a refeição.
Enquanto comia lembrava-se dos velhos tempos da sua juventude, dos tempos em que se sentava naquela mesma mesa com seu pai e seu avô, e num silência cúmplice compartilhavam aquele ritual singular que os unia.
De longe, o jovem criado assistia a todo o processo, por vezes inquirindo-se de como é que tal ritual se iniciara; e por ter noção da ancestralidade de tal acto e da importância que este tinha para o seu cliente, tentava imaginar qual seria a reacção do velho se se visse privado de tal. Infelizmente, sabia-o, mais tarde ou mais cedo teria de intervir no velho ritual; pois infelizmente os tempos mudam e forçam-nos a mudarmos pequenos hábitos, e por vezes são pequenas contrariedades nos nossos hábitos diários que alteram completamente todo o desenrolar normal de um dia e dos vários dias subsquentes.
Com a sandes já dentro do seu estômago, o velho bebera mais um copo para ajudar a limpar a garganta, e no final deste um gemido surdo de prazer lentamente saíra da boca do velho. Olhando para a janela, levara a mão ao bolso do casaco, e retirara de lá a sua cigarrilha dourada, que tal como o ritual herdara de seu pai quando este falecera. Num longo momento, como se o tempo estivesse quase a parar, colocara um cigarro na boca e acendera-o. O sabor do fumo, o aroma do tabaco e o calor do cigarro cada vez mais quente fazia como que uma reacção quimica no velho corpo com o vinho e a sande acabados de ingerir, fazendo o velho sentir-se bem.De repente, do seu lado direito, sentira movimento; movimento familiar, vindo do balcão e em direcção a si, e nunca antes tal acontecera durante o secular ritual. Com um ar um pouco receoso, o jovem criado pusera-se à sua frente; e numa voz decidida de adulto dissera algo que nunca esperara ouvir...





«olhe, desculpe, mas não pode fumar aqui, vai ter que apagar o cigarro»



Ao ouvir estas palavras, o velho levantara-se e olhara profundamente nos olhos do jovem criado. Preparava-se para abrir a boca. Finalmente, ao fim de tantos anos, o velho falaria com o jovem criado que, insconscientemente, sempre ansiara que o seu cliente lhe dirigisse nem que fosse uma palavra! Ansiava que o velho lhe contasse estórias de antigamente, lhe abrisse os horizontes e o ensinasse a como apreciar convenientemente a vida. Assim, aos poucos, um pequeno sorriso se esboçara no rosto do criado, pronto a escutar, vindo do velho, um filosófico...:




«ARRE FUOD*-SE!»




Revoltado, o velho pegara no casaco, atirara o dinheiro prá mesa e sumira-se, deixando um esmorecido «cambada de filhos da p...» no ar...
Bom, há dias assim: em que uma pessoa acorda, dá com a cabeça na mesinha de cabeceira, e se lembra de escrever destas barbaridades...
Sem mais assunto de momento, despeço-me...
Cumprimentos a les hombres
Beijos a las muchachas
Beijo muito, muito, muito especial a mi amor, Nadia ;)
Um bjiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii para ústed, birú!
Um cafuné a le coito, no le coito intirrompido, pero lo coito de lo net!
(e então, ficaram impressionados com a minha capacidade linguistica?! Sei ou não sei falar franciuso?! Hein)
e...
NADA PRÁS GARÇONETES COM MAÇA DE ADÃO E VOZ GROSSA!!!

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

A charutada da discórdia

Ora boas, caros!

Espero que o Natal vos tenha corrido de feição, e que a passagem de ano tenha sido carregada de rambóia e loucura (mas sempre com conta e medida...certo? ceeeeeeeeeeeeeeeerto...), que o champagne estivesse fresco e as passas suavemente tenham passado pelas vossas mucosas faríngicas.
Passando já a habitual parte das gratificações pelas visitas, vou dirigir-me ao assunto que pretendo focar neste post.
Tal como referido no inicio deste aglomerado de palavras, tão pomposamente identificado por "post", um novo ano se inicia, e nas diversas casas se ouvem os chamados "planos de novo ano"...

"iei, ano novo!!!"- diz a dona de casa - "vai ser este ano que vou emagrecer 13.032kg!".

"iuuuuuuupi! 2008 chegou" - complementa a avózinha - "será em 2008 que farei a tal viagem que prometi a mim mesma a Nossa Senhora da Murranhanhá!".

"yuuuupiiiiii!!!" -sussurra o tipico estudante - "é este ano que estudarei mais, e nunca faltarei às aulas... ok, falto só às das 8h00, no Inverno...e na Primavera... e se no dia anterior tiver saído até tarde..." (de notar que esta segunda parte do plano é exclamada o mais baixo possivel).

"uuuuuuuuuuuuu huuuuuuuuuuuuu!!! dois milénios e oito anos!!!" - pensa o chefe de familia - "é este ano, não passa deste ano que papo aquela moça das fotocópias do 4º piso".

"ai ai..." - pensa o tio - "nunca mais posso fazer argolinhas de fumo pra me meter com a loiraça da contabilidade"...

E é com este último plano do tio que inicio o tema deste novo post: a legislação anti-tabágica do governo, em vigor desde dia 1 de Janeiro do presente ano, 2008.

Por todo o lado se ouvem opiniões prós e contra esta medida. "Aaaah, finalmente poderei ingerir uma refeição sem ser incomodado pelo fumo..."; "bah! isto vai dar cabo da clientela dos cafés... o português, após o seu café, saca sempre da sua cigarrilha pra melhorar inda mais o momento". Estas e muitas mais opiniões são-nos generosamente exibidas nos noticiários, pensamentos oriundas quer da titia Lili, de Sintra; e mesmo do Bô Jaquim de lá de chima, d´aldeia de Vila Nova de Santa C... d´Assobio...


Como não fumador, devo dizer que esta medida irá melhorar bastante o modo como degustarei, por exemplo, o meu "burguer" no shopping, não voltando tão cedo a iludir-me e pensar que estou a ingerir uma sandocha de fumados! Quem me conhece já sabe a minha opinião quanto aos fumadores: por mim fumem à vontade, mas por favor tenham a gentileza d´apagar a chucha quando estou a comer! Até porque é algo injusto, do ponto de vista moral: se alguém pode fumar à mesa, porque é que eu não posso ser desleixado no controlo da minha flatuência na mesma situação?! Ao menos disfarçava o cheiro a chouriço...



Mas , contra amuos, apupos e outras provas de desaprovação por parte das chaminés ambulantes, o governo entrou com a lei em vigor logo no inicio deste ano, tendo a ASAE a responsabilidade de controlar o bom cumprimento das normas estabelecidas. Até aqui, tudo bem... Sem dúvida foi bem pensada a atribuição de tal encargo à referida entidade, pois a maior preocupação será a implementação rigorosa em espeços fechados destinados á restauração. O que ninguém pensou foi "ah... se calhar convém ver quem fuma na ASAE...", nem que fosse só por curiosidade. Caso alguém o tivesse feito, ia deparar-se com a bela da ironia existente no facto do presidente da ASAE, o Srº António Nunes, ser um fumador! "E esta, hein?!". E foi do vicio deste senhor que uma polémica se gerou... se já tinhamos o "apito dourado", e o "saco azul", agora vamos ter "o charuto magenta"...



E porquê mageta, questionam-se vocês?! Porque sim. Acho uma cor...colorida... com um nome catita, e que raras ou nenhumas vezes é referenciada, em depreciação face aos azuis e verdes e vermelhos, tão mais usuais no nosso dia-a-dia. Mas adiante...Tudo começou quando o Srº Presidente, tal como qualquer pessoa por esse mundo fora, decidiu festejar a passagem de ano (vulgo Réveillon), num tasco muito fraquinho... Casino do Estoril, ou coisa do género! Para aqueles que nunca foram ao estrangeiro, o que é o Casino do Estoril? : é tipo uma Marisqueira dos pobres...



...só que para gente rica!

Então, está lá o referido senhor, junto à familia e amigos, jantando e conversando até às badaladas anunciadoras. Um copinho de champagne pede outro logo de seguida, uma anedota provoca o rosar das faces, mais um copito para desinibir para aquela piada mais badalhoca que o pudor impede de contar, e pela meia-noite naquela e nas restantes mesas daquele casino (e por esse Portugal fora, em certas casas) já estava tudo bastante animado.Ai, e tal, viva 2008, festarola completa, foguetes, pum-pum no ar, tudo muito bonito e colorido... Mas é claro, e tal como muita boa gente por esse Portugal fora, a cama não chamou pelo Srº Presidente à 00.05, muito menos à 00.10 ou mesmo 00.30. O Srº Presidente aguentou ali, como homem rijo, muito além das doze badaladas. Aguentou noite fora até, pelo menos, às 2h30 do dia 1 de Janeiro...

Só que, lá está, apesar de homem, e rijo, o tempo também afecta o organismo deste senhor e a essa hora, talvez julgando que ainda estaria no ano de 2007, ou mesmo num principio de alzheimer, António Nunes sacou da sua cigarrilha, acendeu a sua chupeta socialmente aceite e deleitou-se com a inalação de porções de alcatrão que seriam tão bem aproveitadas a tapar as nossas auto-estradas. Quem não estava nada perdido nos dias seriam os fotógrafos, que apanharam o chefe da entidade responsável pelo cumprimento da nova lei do tabaco a dar umas valentes passas.

Como seria de prever, toda esta situação gerou uma onda de protestos. Muitos velhotes já tinham gasto a sua reforma numa poltrona prá sua casita, visto que teriam de resignar-se às suas habitações para fumas e não aos seus velhos tascos; muitos empresários compraram toneladas de adesivos de nicotina; e muitos cafés já tinham limpo os seus cinzeiros; e o facto do Srº António Nunes ter tal comportamento vários archotes (feitos de cigarros) foram acesos por esse Portugal fora.

Após a saída da sua foto comprometedora a fumar no casino ter saído nas manchetes de diversos jornais (foto essa que, infelizmente, não consegui arranjar), António Nunes refastelou-se no cadeirão do seu escritório, e matutou, congeminou como resolver de forma pacifica tal conflito: "hummm... que fazer?", pensou o chefão da ASAE, enquanto puxava por umas passas no seu escritório - ao ar livre, obviamente. Não se pode fumar em espaços fechados!- "aaaaaaah! concerteza ainda ninguém se deu ao trabalho de ler integralmente a nova lei do tabaco...será que consigo...?" (então, gostaram desta interrogação final, como quem quer incutir mistério na narração? Não?! Bem, deixem lá, era só para experimentar...).

E assim, passado uns dias, António Nunes (se não se importam vou começar a tratar o Srº Presidente por A.N. É que tar para aqui a escrever o mesmo nome vezes e vezes sem conta é muito aborrecido, e torna-se maçador teclar...) fez um pequeno reparo que ninguém até ao momento tinha reparado (como se alguém se tivesse dado ao trabalho de ler a lei!), e da minha imaginação incontrolável saíu esta fantasiosa conferência de imprensa (dada, talvez, ao ar livre, para possibilitar a todos os intervenientes puxarem umas labaredas...)

Jornalista A- Caro presidente, que tem a dizer sobre os acontecimentos da madrugada de 1 de Janeiro?

A.N - Pois, acho incrível... Sinceramente é um valor impressionante... mais um morto este ano do que na operação "Ano Novo" levada a cabo pela GNR no ano passado, é lamentável que se continue ...

Jornalista A- Mas, Engº António Nunes -interrompe o jornalista- , não é a esse acontecimento que me refiro! Refiro-me ao facto de...

A.N. - Mas qu´é isto?! Que falta de respeito?! Não tinhamos todos concordado que seria uma questão para cada um?! Ai ai ai, a quebrar as regras, não é? Olhe acompanhe aquele agente da ASAE, que lhe quer verificar o que traz aí na sua carteira... Tem tabaco?! (dê-me um!- sussurra A.N.) AAAAAAAAAAAAAAAAH! Não pode! Recinto fechado! Sacou do tabaco, é porque ia fumar! Vá, faça o favor de pagar...

A.N.- Bom, próximo... Você aí, da câmara de filmar... não é você, pateta! o que está à sua beira... Do outro lado, caramba!!!

Jornalista B- Eu?!

A.N.- Exactamente. Próooooooooooximo! Você aí, das pernas delicadas cobertas por uma mini-saia que me estão sinceramente a desviar o olhar do meu discurso... Faça a sua pergunta...

Jornalista C.- Boa tarde, Srº Presidente. Gostaria que comentasse a sua foto no casino estoril, a fumar após a 00h00 do dia 1 de Janeiro do presente ano...

A.N.- Pode formular isso sobre a forma de pergunta? Há quem queira seguir as regras, sabe...?

Jornalista C.- Pois, mas não foi isso que você fez, pois como todo o português sabia a partir da 00h00 do dia 1 de Janeiro do presente ano passaria a ser proibido fumar em recintos fechados. E que eu saiba, um casino é fechado...

A.N.- Pois aí é que se engana, jovem repórter cujos apêndices tetais me incitam à fixação do olhar!

Jornalista C.- Desculpe, mas o casino tem tecto, paredes, janelas... logo, é fechado...

A.N.- Mais uma vez o seu intelecto parece acompanhar a grandeza das suas copas, no entanto, esquece-se do que É um casino. Sabe o que é um casino?! É um estabelecimento de jogo! E se reparar bem a lei do tabaco entra em disputa com a bem conhecida lei do jogo... Conhece a lei do jogo?

Jornalista C.- Por acaso, devo admitir que não... Mas que eu saiba jogar não implica fumar, logo nos casinos aplica-se a lei do tabaco para recintos fechados...

A.N.- Mas que raios! - exclama A.N., visivelmente irritado - Por acaso os senhores jornalistas leram a Lei do Tabaco?!

Olhando uns prós outros, sussurram uns "ergh, por alto", "li o resumo", e alguns "Tabaco? ASAE? Então isto não é a conferência de imprensa do Cristiano Ronaldo?!"; e a ideia geral é a de ninguém ter lido na integra tal lei.

A.N.- Cambada de incompetentes! Era agora multar-vos por incompetência laboral... Então vós vindes para uma conferência de imprensa e não estudam anteriormente?! Diz aqui, claramente, na página 5 do documento que, e passo a citar, "fumar em locais de jogo, nomeadamente Casinos, salas de jogo ilicitas, bares académicos (caso se encontrem a jogar) ou mesmo na casa do presidente da ASAE, não será proibido pois entrará em disputa com a lei do jogo, muito anterior à implementação da nova lei.". Vejam com os vossos próprios olhos!

A.N. mostra aos jornalistas presentes o documento.

Jornalista D.- Mas, Srº Presidente, isso aí não é um post-it escrito à mão, colado nessa página?

A.N.- Ergh... *ups!*... Ergh... Ma-mas qu´é isto?! Tá-me a acusar de deliberadamente alterar uma lei, só para me safar de uma avultada multa e de uma humilhação pública?! Deve tar mas´é a ver mal...

Jornalista D.- Por acaso, deixe cá por os óculos, pelo sim, pelo não...

A.N.- Srº jornalista, deixe-me dizer que tem uns óculos muito giros... onde adquiriu essas beldades?

Jornalista D.- Na feira da ladra...

A.N.- Srº guarda, prenda este homem e apreenda aquele objecto contrafeito! Com que então a prejudicar a nossa economia, aposto que até compra filmes piratas! Sinceramente, criticam-me mas fazem pior! Dou por encerrada esta conferência! Adeus, cambada de kazaaaas!

Visivelmente irritado, A.N arruma os seus papéis e levanta-se... Voltando de seguida atrás para ir buscar o maço esquecido...





E assim foi: Viajando atrás no tempo e nos arquivos dos diversos decretos-lei, A.N chamou à atenção da uma lei muito, muito antiga, intitulada "Lei do Jogo" (ou algo parecido), que se aplica aos diversos estabelecimentos de jogo existentes por esse Portugal; desde os grandes Casinos, até às salas de Bingo tão admiradas por velhotes, e que pelos vistos permite às chaminés ambulantes (vulgo fumadores) puxarem umas labaredas enquanto sacam umas cartadas. E assim safou-se de uma vergonha...



Dois meses depois, a nova lei continua em vigor por este país fora, com maiores ou menores contrariedades, com bares e discotecas a fazerem birras e a pedirem também um post-it que lhes permita serem também como os casinos uma excepção à regra. Ainda não tive oportunidade de visitar uma discoteca após a implementação da nova lei, mas aposto que estejam às moscas (ou então tenham as casas de banho sempre cheias, principalmente os cubículos com janela).

Como não fumador, acho particularmente hilariante ver esses viciados a correrem pelos shoppings à procura da saída para irem dar umas chuchadelas no cigarro, ver fumadores conhecidos a enregelarem-se à porta dos departamentos da faculdade (infelizmente a quantidade de fumadores nestes locais é tanta, que se instala à entrada dos departamentos uma autêntica cortina de fumo; e só de passarmos uma vez por esse sitio ficamos com o mesmo cheiro de termos estado ao pé de um fumador durante 3 horas!), as tabuletas de "proibido fumar" por tudo o que é lado...Com a nova lei, o governo continuou a ter lucro: o capital que deixaram de receber proveniente da venda do tabaco, passaram a receber das farmácias; com o aumento de vendas de produtos para deixar de fumar... e de "Cêgripe"!



Bom, sem mais nada para dizer, e sem vos querer maçar mais, vou terminar este post.



Abraços prós moços,

Beijos prás moças,

ergh... cumprimentos de mão e bem afastado aos fumadores (sorry... dispenso o cheiro a fiambre de perna CampoFrio) =s



Um beijo muuuuuuito especial para ti, Nádia ;)

Um "bjiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii" pra tu, oh birú!



e...



...

NADA PRÁS CIGARRETES!!!

EDITADO A 24/02/2008

(p.s.: Graças ao olho atento do excmº srº c8, já remendei as falhas... ai ai, maldita dislexia!!! muito obrigado, distinto colega, por me chamar à atenção da minha confundibilidade alfabética)

(p.s.2: Cara birú, não a querendo desiludir, ou dar a entender que não me seja das pessoas mais simpáticas que já conheci, também já remendei a despedida... espero que esteja do seu agrado, desta vez...)